Segundo Boaventura de Sousa Santos, Portugal, ao contrário de outros países europeus, não desenvolveu uma
burguesia de cariz industrial nem uma burguesia de cariz agrícola com massa critica
suficiente e pelo contrário, a burguesia existente limitou-se a ser rentista. Por isso, diz Boaventura,
teremos grandes superfícies tão poderosas. Temos lojas muito boas, mas
mas nada para lhes colocar dentro. Isso dever-se-á à situação particular
portuguesa que até 75 era simultaneamente potência colonial e colónia de
outros.
Digo eu então, que se assim é, então o
objectivo das burguesias industriais de outros países será obviamente
que
continuemos nessa situação e por isso compreende-se a exigência que se
venda de tudo. Curiosamente, esses outros países, sem excepção,
desenvolveram a sua burguesia industrial num ambiente fechado à
concorrência externa o que permitiu desenvolverem-se, começar a
internacionalizar-se e assim tornarem-se mais competitivos.
Tratar-se-á
afinal de uma luta de classes no sentido clássico de Marx. O marxismo
parece ser uma boa ferramenta para entender o capitalismo. Outra coisa é
o que se
faz com ela. Uns podem, por exemplo, usá-la para defender a sua
classe e manter as que estão por baixo na mesma situação... ou pelo
contrário,
usá-la para fazer um mundo mais justo. Essa decisão é a de cada um.
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