Há uns séculos atrás, quando as elites portuguesas e espanholas souberam que existia ouro em África e na América, desistiram do esforço de produção em em terras ibéricas porque entenderam que era mais barato comprar feito mesmo que isso implicasse a miséria do seu povo, o que fez com que os miseráveis se lançassem em aventuras por esse mundo fora e contribuíssem com o seu sangue e suor para que esse sistema se aprofundasse. Isso gerou subdesenvolvimento nas suas metrópoles e nas suas colónias e serviu de motor de desenvolvimento de outras potências europeias. Contrariamente às colónias ibéricas, por não haver ouro ou algo semelhante nas primeiras 13 colónias norte-americanas, foi-lhes permitido comercializar directamente com outras paragens e iniciar produções para o seu próprio mercado, pois não tinham forma de comprar o que necessitavam para subsistir. Estas pequenas diferenças marcam a diferença no desenvolvimento das Américas. Confundiu-se riqueza, que se entende como a capacidade de as pessoas fazerem coisas, com dinheiro, que é só a possibilidade de pagar a alguém para fazer o que se julga necessário, desde que esse alguém o saiba e queira fazer.
Na actualidade, as elites portuguesas (e não só) voltam a cometer o mesmo erro. E isso é dito sem qualquer vergonha: é necessário empobrecer. Voltam a confundir riqueza com dinheiro: diminui-se propositadamente a capacidade de produção, aumentando o volume de gente que fica na miséria. Há uns anos essas mesmas pessoas diziam que a maior riqueza de um povo era a sua gente. Agora empurram a verdadeira riqueza para e exterior e condenam à fome quem fica. Resta saber se os mesmos enganados de há uns séculos voltam a cair na mesma esparrela e dão razão a Marx: a história repete-se primeiro como tragédia e depois como farsa. Oxalá que não.
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